A casa era nossa, mas parecia que não era. Eu assumi a minha casa de maneira integral: trabalhava, fazia tudo sozinha, não tinha ninguém que me ajudasse, cozinhava, lavava e passava roupas.....vesti o avental e peguei no tranco...que dureza foi aquele começo! O Claudio trabalhava como um louco: na Mercedes Benz durante o dia e dava aulas à noite. A gente quase nem se via...
Aqui a situação se repetiu....como não tenho ninguém pra me ajudar, arregacei as mangas e peguei no tranco de novo....durante toda a segunda feira, 31/1, meu pensamento passeou entre o meu passado e o meu presente....agora, aos 51 anos, voltei a ser dona de casa: lavo, passo, cozinho, arrumo a casa, vou no supermercado....espero o Claudio chegar do trabalho, vamos fazer academia juntos, jantamos juntos...coisas raras de acontecer em Sao Paulo...
Mas, parece que esse modelo parece que não cabe mais em mim....ou será que a dificuldade de aceitar esse novo modo de viver é causado pela desvalorização social da mulher que fica em casa e não trabalha?
Pensei nos meus filhos...hoje eles existem, apesar de ausentes, e cada um está em seu caminho, escolhido com tanto esforço e dedicação....sinto muito a falta deles, queria estar perto o tempo todo, mas eles me incentivaram muito a mudar para cá....como me disse uma amiga, minha família é globalizada e hoje em dia a comunicação é imediata e muito fácil....
Decidi, então, experimentar essa vida nova com alegria e enxergá-la como uma oportunidade de resgatar um tempo que não foi vivido há 27 anos....
Quero viver ao lado do Claudio com o maior prazer do mundo...enquanto ainda tivermos saúde e disposição queremos fazer um monte de coisas, entre elas viajar, correr em lugares diferentes, conhecer lugares exóticos, enfim viver uma aventura.... com muita felicidade e gratidão pelo que a vida está nos oferecendo....
Xô culpa!!!!!Sai desse corpo que não te pertence....
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